sábado, 10 de março de 2012

AI VAI UM POUCO DA HISTÓRIA DO PACTO QUE TIA NEIVA FEZ PRA NOS PROTEGER.


O Pacto que Tia Neiva fez com 7 reis da lei negra
Tia Neiva, no início de sua jornada, foi conclamada por Pai
Seta Branca, a fazer as pazes com todos que “se diziam seus
inimigos”, foi sua primeira grande missão.
Visando proteger seu povo, que ainda seria formado,
procurou os “Sete Reis do Submundo” para realizar um
pacto de não agressão. Esta passagem nos é relatada em
nossa primeira aula de pré-Centúria, porém não é distribuída
de forma impressa aos futuros Centuriões. Ela encontra-se
transcrita no livro “Minha Vida, Meus Amores”, hoje de difícil
acesso.
Salve Deus!
Dois anos depois, em princípios de 1960, recebi de Pai Seta
Branca a minha primeira missão. Eram seis horas da tarde e
eu, mais do que nunca, sentia uma grande saudade. Dessa
vez, porém, era algo diferente, mais fi no, alguma coisa que
eu não conhecia. Fui me sentar no alto do morro, e Pai Seta
Branca chegou, começando a me mostrar meu roteiro e por
tudo que eu teria que passar na missão, traçando, então,
o meu sacerdócio, ao lado de Humarran. Senti forte dor de
cabeça e pesada sensação de mal-estar. Quando dei conta
de mim, estava diante de um velho oriental, de barba longa
e trajando uma vestimenta com capuz e mangas largas, que
me disse:
- Salve Deus! De hoje em diante você terá a força de uma
raiz!...

A partir de então, tudo fi cou difícil. Às 4 horas da tarde eu
me sentia como se estivesse com uns 38 graus de febre,
com a cabeça rodando, a ponto de não me agüentar de
pé. Mas, deitada, as tonteiras se acentuavam e, numa
espécie de sonho, sentia que me desprendia do corpo, com
perfeita consciência. A cada dia, eu melhorava o meu padrão
vibratório, consciente do meu trabalho. Recebi de Pai Seta
Branca novas instruções: para entrar no plano iniciático eu
teria que fazer as pazes com todos aqueles que se diziam
meus inimigos...
Então, já no terceiro ano de conhecimentos ao lado de
Humarran, segui até as cavernas, com a missão de pedir
paz e amor aos reis dos submundos. Humildemente, me
transportava até cada um deles, e lhes pedia que fi rmássemos
um acordo de paz, pois nossa lei não admitia demandas. Fui à
presença de sete reis, que me trataram com maior ou menor
ferocidade, mas aos quais tratei com amor e muita timidez,
recebendo a concordância para o acordo proposto. No caso de
Sete Montanhas, recebi até uma grande proposta para fi car
em sua corte: ele me compraria de Pai Seta Branca, e eu lhe
prometi que cuidaria do assunto. Fiz as minhas negociações
e prossegui demonstrando tranqüilidade, apesar do meu
tremendo pavor...
Era um período em que eu andava sobressaltada. Naquela
tarde, o sol não aparecia, tornando tristes os meus
pensamentos. Havia muito o que fazer, mas resolvi, por me
sentir um pouco sem forças, ir me recostar no meu velho
pequizeiro. Adormeci e iniciei um transporte. Entrei em um
suntuoso castelo, onde tudo era luxuoso, e logo fui presa
por dois homens grandes, com pequenos chifres, que me
seguraram pelos braços e me conduziram à presença de seu
poderoso rei: Exu Sete Flechas.
Ele me encarou, zombeteiro, e vociferou:
- Ela é inofensiva! Tragam-na até aqui! Já tenho
conhecimento de seus contatos.
Eu me aproximei e ele me falou:
- Sua pretensão é muito grande em querer fazer um
acordo comigo, pois não tem sequer um povo para
defender!

- Vou levantar um poder iniciático – respondi, temerosa
– e só quero fazer isso após fi rmarmos um acordo, para
que seu povo não penetre em minha área.
- Já sei muito sobre suas intenções! – disse ele – Eu me
comprometo a não penetrar em sua área, mas, antes,
vou fazer um teste com você, para lhe fazer sentir a
minha força.
- Salve Deus! – eu só murmurei.
- Quero ver o tipo de proteção que você tem. – voltou ele
– Quero ver se ela vai livrá-la de mim! Amanhã, às três
horas da tarde, vou arrancar todo o telhado de sua casa.
Quero testar a sua força...
Voltei ao meu corpo, sentindo o sabor desagradável
daquela viagem.
Entretanto, a ameaça não se concretizou.
Tornei a voltar onde ele estava, porém em outro local, em
outro salão. Ele fez o acordo, e jurou que, em verdade,
jamais tocaria em meus fi lhos – os Doutrinadores. Mas
afi rmou que só se realizaria quando dividisse sua força
comigo, e reforçou sua ameaça anterior.
Três anos se passaram, e nada aconteceu. Até que um
dia – eu já estava em Taguatinga – tive a sensação de
perigo e me decidi a ir falar com ele. Pela terceira vez,
ali estava eu, diante dele, que me recebeu com risos e
deboches, e me afi rmou que, às três horas daquela tarde,
arrancaria o telhado de minha casa.
Desafi adora, pensei:
- Ora, não tenho o que temer! Se ele, até hoje, não
arrancou o telhado de minha casa, não arrancará mais.
Voltei, confi ante, ao meu corpo.
Por volta de duas horas da tarde, uma velha me procurou,
pessoa dessas que vivem fazendo suas cobrancinhas, e
começou sua obra:
- Oh, irmã Neiva, como vai? Eu precisava tanto falar com
você! Mas, dizem, e estou vendo que é verdade, que você
não fala com os pobres...

Eu fi quei possessa com a velha, por sua ousadia em me
falar daquela forma, e, assim, baixei minha vibração! Foi
o sufi ciente: ouvimos o estrondo do telhado e foi tudo
pelo ar!
Pensei:
- Neiva, fracassastes depois de tantas instruções!...
Voltei há três anos, e entendi que aquilo era mais uma
experiência. Salve Deus! Ficara decepcionada com o Exu
Sete Flechas e estava sempre preparada para seu ataque,
mas falhara. Passei, então, a fazer uma preparação,
quase um ritual, para entrar em uma caverna.
Tia Neiva em “Minha Vida, Meus Amores”

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